segunda-feira, 4 de março de 2013

O Violoncelo, de Nicole Sofia H. Gomes, aluna do 5NA de Letras


O Violoncelo
Mais uma vez caminhava por aquela rua a caminho da escola. Aquela rua escura, silenciosa e sombria. O vento passava por mim como único companheiro, levando consigo as folhas secas que caíam das árvores. Pra dizer a verdade, eu não gostava de passar por ali. Mas era o caminho mais rápido para chegar à escola, e, como sempre estava atrasado, não tinha alternativa.
Caminhava a passos apressados quando de repente algo interrompeu o silêncio da rua. Era um som diferente vindo de uma das casas. Alguém tocava um instrumento. Com o susto, não quis saber de onde vinha e corri até a escola.
No dia seguinte, atrasado mais uma vez, tive de passar novamente por aquela rua. Queria saber de onde vinha aquele som. Fiquei com essa ideia na cabeça durante todo o dia anterior. Não demorou muito e ele apareceu. Respirei fundo, engoli o medo e comecei a me aproximar de cada portão daquela rua sinistra a fim de poder escutar de onde vinha o som daquele instrumento. Tentei duas casas e nada. Não era delas que o som vinha. Cheguei perto de uma terceira, grande, antiga e triste como as demais daquele lugar. Encostei os ouvidos no portão e... Sim! Era dali! Era dali que vinha aquela música!
Fiquei um tempo encostado ali... O som era grave, bonito e profundo. Triste também. Combinava com o lugar de onde vinha. . . Qual seria o instrumento que estava sendo tocado? E quem tocava? Enquanto pensava nas possíveis respostas, o som parou. O silêncio amedrontador voltou a reinar ali e comecei a sentir medo... Novamente o vento sacudia as àrvores e levava as folhas. . . Não aguentei e resolvi correr o mais depressa possível rumo à escola novamente.
No outro dia, voltei à mesma casa durante o caminho para a escola. Tinha pesquisado sobre o som. Imaginei que fosse um instrumento de cordas e realmente era. Um violoncelo provavelmente. Quando cheguei, o som já estava lá, como que me esperando . Fiquei bons minutos ali ouvindo encostado no portão... O vento de repente começou sua dança de levar as folhas, mas não senti medo dessa vez... A escola? Não me importava. Só queria ficar ali, mais e mais... Uma forte e repentina rajada de vento fez o velho e enferrujado portão da casa ranger e o som parou bruscamente. Afastei-me e alguma coisa me fez olhar para cima. Intuição talvez.
No andar de cima do casarão, tinha uma janela bem grande, que sempre estava escura e não dava pra ver nada dentro. Mas quando olhei, o medo e o susto reviraram tudo dentro de mim: tinha um garoto me olhando da janela! Um garoto muito estranho, com jeito estranho, roupas estranhas. . . E segurava ao seu lado o violoncelo! Então era ele que tocava! Seu olhar era muito profundo e estava bem sério... Parecia dizer “você não é bem-vindo”... Não fiquei para discutir. Peguei minha mochila e corri sem rumo... Não me lembrava pra onde tinha de ir. . . Mas de qualquer forma agora eu precisava lembrar.

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